Ontem à noite, desloquei-me à urgência do Hospital de Santo António, para visitar um amigo que foi lá parar sem querer.
Quando cheguei, achei estranho o número de pessoas que se encontrava abrigado, nas entradas das casas que ficam mesmo em frente ao Hospital.
É certo que chovia bastante, mas era noite, a rua não tem lojas ou outros espaços comerciais que justificassem o aglomerado. De resto, julgo que aquela é mais uma das ruas do Porto onde não vive ninguém.
Fui fazer a visita ao amigo contrariado.
Atravessei aqueles corredores inóspitos onde residentes e visitantes convivem diariamente, como se os dias, (sendo diferentes) fossem todos iguais.
A noite, na urgência, até estava calma e o meu amigo, no leito da marquesa, até me pareceu resignado à estada. Não era lá grande coisa, é certo, mas, ainda assim, é do melhor que se arranja para este tipo de ocasião.
Finda a visita e cumprido todo o ritual inerente, regresso ao carro e às pessoas que tinha visto à chegada e que me surpreenderam.
Elas continuavam na rua só que, desta vez, estavam numa longa fila.
Um amontoado de gente, em fila ordenada e civilizada, encostado à parede.
Gente indiferenciada, gente perfeitamente normal.
Gente que aguardava, educada e pacientemente, um prato de sopa!
O cenário lembrava os documentários do tempo da guerra.
As pessoas poderiam ser qualquer uma de nós!
Porque as pessoas que eu vi naquela fila, são iguais àquelas pessoas que passam por mim todos os dias. Se calhar, até são as mesmas.
E, não sendo as mesmas, são pessoas!
Pessoas que passam fome!
Em Portugal!
outubro 31, 2008
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2 comentários:
Eu sei. O que tu viste não são sem abrigo. São pessoas comuns, que vivem de esmolas e da boa vontade de algumas pessoas, que deixam as sua casas, com frio e chuva para dar algum conforto a quem precisa.
Aqui está uma forma de dar vida ás nossas vidas.
Um dia destes lá estarás Vap. De ti espero sempre o melhor. Deus te muita vida e saúde.
Um abraço
Mais que vida, preciso é saúde!
Já alguém disse, um dia, que mais vale rico e com saúde do que pobre doente!
Para desanuviar um pouco o tema.
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