Ao publicar essa foto com as cadeiras do engraxador, lembrei do Elton.
O menino de Itabuna.
Garoto cor de chocolate e sorriso de marfim.
Encontrei-o na cidade maravilhosa.
No meu Rio de Janeiro.
Numa tarde quente, como todas as tardes quentes do Rio.
Tinha uma caixa de madeira a tiracolo, presa por uma tira de couro.
Caixa que usava diariamente no seu ofício.
Almoçou connosco, num restaurante em Copacabana, porque nos pediu de comer.
Foi modesto no pedir, mas encheu o prato de arroz, feijão e farofa.
Como bom carioca bateu papo e contou a sua história.
Vinha de Itabuna (no final da linha do metrô) para trabalhar no seu ofício.
A mãe era doméstica, o pai bandido, dos bravos.
Era Elton, em homenagem ao Elton John, que a mãe adorava.
Era Vasco, e a sua Caixa fazia várias referências ao clube do seu coração.
Porém, quando soube que eu era Flamengo, foi logo dizendo que também era e que aquela Caixa não era a dele era a do primo, que lha tinha emprestado.
Brasileiro que se preze tem esse jogo de cintura, quer agradar e sabe como agradar.
O Elton agradou! Fez jus à alma brasileira.
No final pedi para tirar-lhe uma foto com a Caixa, tal como ele tinha entrado no restaurante.
E ele com aquele sorriso de marfim e rosto de chocolate pediu que a Caixa não fizesse parte da fotografia.
Fiz-lhe a vontade.
A Caixa do Elton, era a sua Cadeira de Engraxador.
dezembro 17, 2008
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3 comentários:
Agora percebo essa tua veia de "bater papo e contar a tua história". É a tua alma carioca mesmo para quem bebeu muito pouco ...
Gostei muito desta história e parece haver ainda, muitos meninos, por aí que tambem tem histórias parecidas e alguns com muito sofrimento à mistura.
Pode ser um quadro que se olha e não se sente, mas este que nos contou nos mete bem no meio de toda a história. Não sei definir se sou parte desse menino engraxador se parte de quem o convida para comer no estaurante.
Ou não bebeu nada, como foi o caso!
Ou se faz parte de ambos os lados!
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