outubro 27, 2010

Lembrar de Sonhar...


Procurou-me para que tratasse do seu divórcio
Fora autorizada a casar-se porque se perdera de amores
Tinha dezasseis anos e o circo tinha visitado a cidade
Com o circo veio também o artista, o trapezista
Por quem ela se enfeitiçou de verdade
Era o seu Príncipe, o seu Encanto, a sua Alegria
Muito rápido se amaram, se casaram e...procriaram.
Tão rápido quanto a felicidade da Alegria
Tudo o resto foi sofrimento
Logo após o casamento começaram as agressões
Primeiro verbais, depois físicas.
Graves, dolorosas, violentas, sangrentas
O Príncipe virou plebeu sem veia artística
Perdeu o encanto, virou a maior tristeza
Ela foi sobrevivendo com os sonhos que lhe restavam
Depois veio o álcool e a ociosidade do vício
A inércia e a decadência de quem morreu
Estando ainda vivo.
Um dia ela acordou e percebeu
Que já se esquecera dos sonhos
Que já não sabia sonhar
Que já não era agredida
Porque aprendera a lutar
Mas que ainda lhe apetecia sonhar...
E eu sonhei juntamente com Ela...

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